Pelo fato de eu viver na Europa, muita gente pede dicas de viagem e opinião sobre vistos, passagens, documentação, passaporte, leis de imigração... Enfim, uma série de coisinhas chatas que é preciso estar atento antes, durante e depois de viajar. Eu me alegro muito pelas pessoas que depositam em mim alguma confiança referente a isso. Sempre procuro responder e ajudar de alguma forma, apesar de eu achar que o que eu sei não é muito.
O que eu vou escrever neste meu quarto post para o Make Delle Belle é sobre como não contribuir para o insucesso da sua viagem, seja ela qual for.
A histórias que eu conheço de gente que foi deportada, perdeu passaporte, foi barrada de algum lugar ou assaltada, com frequência, estão relacionadas com o velho costume de confiar na sorte e negligenciar leis básicas que regem nos aeroportos e relações internacionais entre países.
Primeiramente, é sempre bom ter em mente que as leis internacionais não funcionam apenas segundo o que está no papel, mas estão atreladas a diversos vereditos e interpretações dos agentes de imigração. É sempre preciso bom senso. Um exemplo simples é: "Se eu posso ficar três meses como turista na Europa, então quer dizer que é só comprar a passagem de ida e volta e vir com fé?!". Infelizmente, não é bem assim. Se na Imigração eles perceberem que você irá ficar três meses na boa vida de turista, eles vão querer saber como você conseguiu tanto dinheiro para isso, o que vai fazer por três meses e onde vai ficar. Se eles suspeitarem que é porque seu objetivo não seja, propriamente, fazer turismo, isso basta para barrarem sua entrada, mesmo que você tivesse a melhor das intenções.
Um grande mito é o de achar que a boa aparência ajuda. Sim, é verdade que um dia de sorte e um agente que foi com a sua cara podem ajudar, mas ficou alguma entrelinha mal explicada, eles podem sim, e estão sob o direito de impedir sua entrada, não importa quão boa pinta você for.
No entanto, isso não é motivo de pânico. Se as intenções são de fato turismo e tiver como provar, dificilmente vai haver algum problema e a passagem pela Imigração levará menos de um minuto.
Muita gente odeia agências de turismo e querem tentar economizar fazendo tudo por conta própria. Eu penso que os agentes de viagem são como qualquer outro profissional. Se você é bom com marcenaria, construção, pintura, decoração, culinária, ou seja lá o que for, não precisa de ajuda. Agora, se não for entendido do assunto, as chances de um serviço mal feito são muitas e o barato pode sair caro. É melhor economizar no seu hotel 5 estrelas, ou juntar um pouquinho mais de dinheiro primeiro, do que correr o risco de um grande investimento, que é uma viagem internacional, ser um fiasco.
Outro mito é o de pensar que as agências sempre enfiam a faca. Está certo que sempre vão cobrar uma porcentagem pelo trabalho que realizam, mas, muitas vezes, pelo volume de vendas e contatos, conseguem preços mais vantajosos que o particular, seja de passagem aérea, hotel ou passeios.
É bom lembrar que como em todo ramo de serviços, vale a pena consultar mais de um estabelecimento e buscar referências para não cair em uma cilada. Já ouvi também muita história de insucessos por conta de maus profissionais.
Segundo passo é tentar se informar e sanar todas as dúvidas antes de viajar. Não adianta confiar cegamente na agência e deixar passar informações básicas. Por exemplo, tem gente que até hoje em dia, acha e viaja com a ideia de que Passaporte só é um cartãozinho que os aeroportos usam para carimbar sua entrada e saída. Ledo engano. RG, CPF, CNH... Tudo isso é só papel, a partir do momento que você tira os pés do Brasil - a menos que viaje no Mercosul, onde o RG é aceito como identidade. Para qualquer outro lugar, o seu Passaporte é a sua prova de nome, idade, nacionalidade e, principalmente, legalidade. Se quiserem conferir o titular do cartão de crédito, se você pode comprar bebida alcoólica, dar entrada e saída no hotel, ser parado pela polícia, e inúmeras outras situações em que no Brasil te pedem o RG, aqui fora é com o Passaporte. Portanto, esse livrinho com foto é tão importante quanto o seu cartão de crédito ou a sua passagem de volta. Importante lembrar que tem malandro a rodo querendo roubar passaporte para falsificar identidade, então todo cuidado é pouco. Nunca ande com ele no bolso ou em qualquer lugar de fácil acesso, dando sopa. Se mesmo assim perder, procure o Consulado Brasileiro o mais rápido que puder.
Falando em malandros, a última dica de como não fracassar é sempre lembrar que apesar da fama de país rico não ter criminalidade, os famosos batedores de carteira estão em toda parte do globo. Deu mole, eles levam mesmo. Exemplo agora, dado por experiência própria. Quando eu estava em Roma, em agosto do ano passado, levei minha câmera todos os dias guardada na bolsa. No último dia, me descuidei e coloquei no bolso da minha mochila que era só abrir um zíper para ter acesso. Não deu outra, passei por um tumulto e quando olhei de novo, ela não estava mais lá. Junto com a câmera, perdi todas as fotos da minha viagem e, apesar de tudo, ainda fiquei contente, porque se não lugar da câmera, o que tivessem roubado fosse o Passaporte, o trabalho para resolver o problema seria imensamente maior.
Apesar de parecer pessimismo e complicado, eu garanto que não é nem um, nem outro. As questões da Imigração, do Passaporte e dos assaltos são, realmente, três dos cuidados mais básicos que vejo sendo o maior motivo de problema. Porém, uma vez bem orientados e tomando as devidas precauções, garanto que a sua viagem tem tudo para ser um sucesso, como é o caso da maioria dos brasileiros que viajam pelo o mundo a fora.
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